- OpenAI, Perplexity e Yahoo manifestaram interesse em adquirir o navegador Chrome caso o Google seja forçado a vendê-lo devido a questões antitruste.
- A Perplexity revelou que um dos motivos para criar seu próprio navegador é coletar dados comportamentais dos usuários para criar perfis mais completos para publicidade direcionada.
- Existe preocupação sobre o futuro do projeto de código aberto Chromium caso o Chrome mude de propriedade, especialmente se for adquirido pela OpenAI.
O navegador Chrome, com domínio de 66% do mercado global, pode mudar de dono caso o Google seja forçado a vendê-lo como resultado de um processo antitruste. A OpenAI, criadora do ChatGPT, Perplexity AI e Yahoo já manifestaram interesse público na possível aquisição. Essas declarações aconteceram durante o julgamento em que o Departamento de Justiça dos EUA (DoJ) busca determinar as sanções contra o Google por práticas monopolistas.
A disputa pelo navegador mais popular do mundo evidencia o valor estratégico que o Chrome representa no ecossistema digital atual. Nick Turley, diretor de produto da OpenAI, foi o primeiro a expressar interesse durante seu testemunho no tribunal. A empresa de Sam Altman vê no Chrome uma oportunidade de integrar sua tecnologia de IA diretamente na experiência de navegação de bilhões de usuários.
A Perplexity AI, startup especializada em busca com inteligência artificial, juntou-se à corrida através de seu diretor comercial Dmitry Shevelenko. Brian Provost, executivo do Yahoo, completou o trio de interessados, afirmando que sua empresa poderia mobilizar “dezenas de bilhões de dólares” com apoio de investidores para concretizar a aquisição. O movimento surpreendente do Yahoo representa uma tentativa de recuperar relevância no mercado digital.
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A disputa pelo domínio dos dados dos usuários
Por trás do interesse no Chrome está a valiosa capacidade de coletar dados de navegação dos usuários. Aravind Srinivas, CEO da Perplexity, revelou que um dos principais motivos para sua empresa desenvolver o navegador Comet é obter dados sobre o comportamento online dos usuários. Segundo ele, as informações coletadas nas buscas na aplicação Perplexity são insuficientes para criar perfis de usuários abrangentes.
O executivo da Perplexity declarou que “queremos obter dados mesmo fora da aplicação para compreender melhor” os usuários. Ele explicou que conhecer hábitos de navegação, histórico de compras e preferências pessoais “diz muito mais” sobre os consumidores do que apenas suas consultas de trabalho. Essa estratégia coloca a Perplexity em competição direta com o modelo de negócios publicitário do Google.
A batalha pelos dados dos usuários revela o verdadeiro valor do Chrome como plataforma de coleta de informações comportamentais. Os interessados na aquisição visam não apenas o navegador em si, mas toda a infraestrutura de dados que ele proporciona. Este posicionamento evidencia como a monetização de dados pessoais continua sendo o principal modelo de negócios no ecossistema digital.
Implicações para o futuro do Chromium e internet aberta
Uma preocupação central no debate sobre a possível venda do Chrome é o destino do projeto Chromium. O código-fonte aberto que serve como base para o Chrome também é utilizado por outros navegadores como Edge, Opera e Brave. Dmitry Shevelenko expressou receio sobre o que aconteceria com o Chromium caso a OpenAI adquira o Chrome.
A Perplexity está desenvolvendo seu próprio navegador Comet baseado no Chromium, previsto para lançamento em maio de 2025. O executivo da empresa sugeriu que, embora estejam interessados em comprar o Chrome, prefeririam que o Google mantivesse o navegador a vê-lo nas mãos da OpenAI. Este posicionamento revela tensões competitivas entre as empresas de IA generativa.
O destino do Chrome está intrinsecamente ligado ao futuro da internet como a conhecemos hoje. Uma mudança de propriedade poderia alterar radicalmente como bilhões de pessoas acessam a web. As preocupações sobre o futuro do Chromium refletem questões mais amplas sobre a centralização de poder nas mãos de poucas empresas de tecnologia.
A estratégia do Yahoo para recuperar relevância
A entrada do Yahoo na disputa pelo Chrome representa uma tentativa ousada de ressurgimento no mercado digital. Brian Provost, gerente-geral do Yahoo, revelou que a empresa já está desenvolvendo um protótipo de navegador próprio. O executivo destacou que, segundo cálculos internos, cerca de 60% das buscas online se originam diretamente de navegadores.
Para financiar a aquisição bilionária, o Yahoo contaria com o apoio da Apollo Global Management, sua empresa controladora. Esta estratégia mostra como o Yahoo, que perdeu relevância nas últimas décadas, busca um caminho para retornar ao centro do ecossistema digital. A aquisição do Chrome proporcionaria instantaneamente ao Yahoo acesso a bilhões de usuários ativos.
O movimento do Yahoo destaca como o controle de plataformas-chave de acesso à internet continua sendo estratégico mesmo no contexto da ascensão da IA. Gabriel Weinberg, CEO do DuckDuckGo, estimou que o cheque para adquirir o Chrome poderia chegar a 50 bilhões de dólares. Este valor coloca a possível aquisição fora do alcance de empresas menores, consolidando o poder das gigantes de tecnologia.
